sexta-feira, 6 de julho de 2012

O SIGNIFICADO DA CEIA DO SENHOR

O SIGNIFICADO DA CEIA DO SENHOR Adaptado de Teologia Sistemática de Wayne Grudem Ed. Vida Nova I – INTRODUÇÃO: Como sabemos, o Senhor Jesus instituiu duas ORDENANÇAS (ou sacramentos) a serem observadas pela IGREJA: o BATISMO e a CEIA DO SENHOR. Enquanto a ordenança do batismo deve ser observada uma única vez na vida de cada cristão, como sinal do início da sua vida cristã, a Ceia do Senhor, por sua vez, é uma ordenança que deve ser celebrada repetidamente por toda a vida de um cristão, como sinal de comunhão contínua com Cristo. A Ceia foi instituída, conforme texto de Mateus 26.26-29, da seguinte forma: “26 Enquanto comiam, tomou Jesus um pão, e, abençoando-o, o partiu, e o deu aos discípulos, dizendo: Tomai, comei; isto é o meu corpo. 27 A seguir, tomou um cálice e, tendo dado graças, o deu aos discípulos, dizendo: Bebei dele todos; 28 porque isto é o meu sangue, o sangue da nova aliança, derramado em favor de muitos, para remissão de pecados. 29 E digo-vos que, desta hora em diante, não beberei deste fruto da videira, até aquele dia em que o hei de beber, novo, convosco no reino de meu Pai.” O apóstolo Paulo ainda acrescenta as afirmações da tradição que recebeu, conforme I Co 11.25: “25 Por semelhante modo, depois de haver ceado, tomou também o cálice, dizendo: Este cálice é a nova aliança no meu sangue; fazei isto, todas as vezes que o beberdes, em memória de mim.” Embora possamos encontrar no Antigo Testamento, algumas cerimônias em que se come e se bebe na presença de Deus (Ex. 24-9-11; Dt 14.23-26), mesmo depois de interrompida a comunhão com Deus em razão do pecado, verificamos que todas estas cerimônias sacrificiais apontavam continuamente para o fato de que os pecados ainda não haviam sido pagos, porque os sacrifícios se repetiam anualmente e apresentavam a necessidade da vinda de um Messias. Hebreus 10 versos 1-4, confirma isso: “1 Ora, visto que a lei tem sombra dos bens vindouros, não a imagem real das coisas, nunca jamais pode tornar perfeitos os ofertantes, com os mesmos sacrifícios que, ano após ano, perpetuamente, eles oferecem. 2 Doutra sorte, não teriam cessado de ser oferecidos, porquanto os que prestam culto, tendo sido purificados uma vez por todas, não mais teriam consciência de pecados? 3 Entretanto, nesses sacrifícios faz-se recordação de pecados todos os anos, 4 porque é impossível que o sangue de touros e de bodes remova pecados.” A Ceia do Senhor aponta para uma refeição de comunhão na presença de Deus, no futuro, maravilhosa, quando a comunhão quebrada no Edem será restaurada definitivamente, porque todos os que comerão naquele dia terão seus pecados definitivamente perdoados e não mais pecarão outra vez e sua alegria será completa. Este é o encontro maravilhoso que Jesus se refere em Mt 26.29: “E digo-vos que, desta hora em diante, não beberei deste fruto da videira, até aquele dia em que o hei de beber, novo, convosco no reino de meu Pai.” O Apostólo João, em Apocalipse 19.9, assim declara: “Então, me falou o anjo: Escreve: Bem-aventurados aqueles que são chamados à ceia das bodas do Cordeiro. E acrescentou: São estas as verdadeiras palavras de Deus.” Portanto, vemos que de Gênesis à Apocalipse, o propósito de Deus sempre foi trazer o seu povo à comunhão consigo mesmo, e uma das grandes alegrias de experimentar tal comunhão é o fato de que podemos comer e beber na presença do Senhor. II – O SIGNIFICADO DA CEIA DO SENHOR: Vamos examinar o significado da Ceia do Senhor, que é extremamente rico de símbolos e complexo em seu conteúdo. Em primeiro lugar a Ceia do Senhor aponta para a morte de Cristo. Na Ceia do Senhor temos o símbolo visível da morte de Cristo. Quando partido, o pão significa o partir do corpo de Cristo, e quando derramado (bebido), o cálice simboliza o derramar do sangue de Cristo em nosso favor. Essa é a razão porque participar da Ceia do Senhor é uma forma de PROCLAMAÇÃO, conforme I Co 11.26: “Porque, todas as vezes que comerdes este pão e beberdes o cálice, anunciais a morte do Senhor, até que ele venha.” Em segundo lugar, representa nossa participação nos benefícios da morte de Cristo. Mt. 26.26: “Tomai, comei; isto é o meu corpo.” Quando individualmente pegamos o cálice e nós mesmos o tomamos, cada um de nós está proclamando através daquele ato: “Eu estou tomando os benefícios da morte de Cristo para mim mesmo”. Neste procedimento apresentamos um símbolo do fato de que participamos dos benefícios conquistados em nosso favor pelo morte de Cristo. Em terceiro lugar, a Ceia do Senhor é nosso alimento espiritual. Assim como o alimento comum nutre o nosso corpo físico, o pão e o vinho da Ceia do Senhor nos alimentam espiritualmente. Os elementos da Ceia do Senhor representam o refrigério espiritual que Cristo concede a nossa alma. Este é o sentido da cerimônia instituída por Jesus. Veja João 6. 53-57: “53 Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo: se não comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes o seu sangue, não tendes vida em vós mesmos. 54 Quem comer a minha carne e beber o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia. 55 Pois a minha carne é verdadeira comida, e o meu sangue é verdadeira bebida 56 Quem comer a minha carne e beber o meu sangue permanece em mim, e eu, nele. 57 Assim como o Pai, que vive, me enviou, e igualmente eu vivo pelo Pai, também quem de mim se alimenta por mim viverá.” Com certeza Jesus não estava falando em comer da sua carne e beber do seu sangue de uma forma literal. Jesus tem em mente uma participação espiritual nos benefícios da redenção por ele conquistada. Tal alimento espiritual, tão necessário a nossa alma, é simbolizado e experimentado quando participamos da Ceia do Senhor. Em quarto lugar, a Ceia aponta para a unidade dos cristãos. Quando os cristãos participam juntos da Ceia do Senhor dão também um sinal nítido de unidade de uns para com os outros. Na verdade, Paulo diz em I Coríntios 10 verso 17: “Porque nós, embora muitos, somos unicamente um pão, um só corpo; porque todos participamos do único pão.” Quando olhamos para esses quatro significados da Ceia, já vemos um pouco da riqueza que representa para nós: a) quando participo dela entro na presença de Cristo e lembro-me de que Ele morreu por mim; b) participo de todos os benefícios da sua morte: perdão dos meus pecados, pecados lavados no seu sangue precioso, justificação eterna pelo meu pecado; c) recebo alimento espiritual, que me permite viver por eles; d) finalmente, me sinto unido aos meus irmãos de todos os lugares que participam da Ceia comigo. Mas, além dessas verdades visíveis presentes na cerimônia instituída por Cristo, quando participamos da ceia do Senhor devemos ser lembrados constantamente das seguintes afirmações que Cristo está nos fazendo: Em quinto lugar, no fato de eu poder participar da ceia, Cristo afirma seu amor por mim. A ceia do Senhor é um convite constante que Ele me faz, para que participe do seu amor por mim, amor em que eu posso estar totalmente seguro. Por sua vez, quando eu venho tomar a ceia, eu reafirmo a segurança que tenho neste amor pessoal de Cristo por mim. Em sexto lugar, na Ceia Cristo afirma que todas as bênçãos da salvação estão reservadas para mim. Quando atendo ao convite de Cristo para participar da ceia do Senhor, o fato de que Ele me convidou à sua presença assegura-me de que têm abundantes bênçãos para mim. Na ceia estou de fato participando de um antegozo da mesa do grande banquete do Rei. Venho a sua mesa como membro da sua eterna família. Quando Ele me recebe nesta mesa, me assegura que igualmente me receberá para desfrutar de todas as outras bênçãos da terra e dos céus também, especialmente da grande ceia das Bodas do Cordeiro, para a qual está reservado um lugar para mim. Finalmente, em sétimo lugar, pela Ceia eu afirmo minha fé em Cristo. Quando tomo o pão e o cálice, por este ato estou declarando: “Preciso de ti em em ti confio Senhor Jesus, para perdoar os meus pecados e dar vida e saúde à minha alma, pois somente pelo teu corpo partido e teu sangue derramado eu posso ser salvo”. Na participação da ceia estou proclamando que os meus pecados e os meus sofrimentos se constituíram o motivo do sofrimento e da morte de Cristo. Assim, tristeza, alegria, gratidão e profundo amor por Cristo são ricamente mesclados na beleza da ceia do Senhor. III – CONCLUSÃO: Para concluir, gostaria de examinar com os irmãos COMO CRISTO ESTÁ PRESENTE NA CEIA DO SENHOR? A posição católica prega a transubstanciação. Isto é, o pão e o vinho tornam-se realmente o corpo e o sangue de Cristo. Isso acontece quando o padre diz “isto é o meu corpo”, durante a celebração da missa. Diante dessas palavras o pão é elevado (levantado) e adorado. Esse ato de elevar o pão e pronunciá-lo corpo de Cristo só pode ser feito por um sacerdote. Segundo a doutrina católica, quando isso acontece, concede-se graça aos presentes ex opere operato, isto é, “realizada por obra”. A Igreja católica é cautelosa em afirmar que se trata de um sacrifício real, embora não corresponda ao sacrifício de Cristo na cruz. Ainda para os católicos, uma vez que os elementos – pão e vinho – tornam-se literalmente o corpo e o sangue de Cristo, por muitos séculos a igreja não permitiu que os leigos bebessem do cálice da ceia do Senhor, por temer que o sangue de Cristo fosse derramado, reservando-lhes, apenas que comessem do pão. Já a posição Luterana, rejeitou a posição católica sobre a ceia do Senhor, mas insistiu em que a frase “isto é o meu corpo” tinha de ser entendida, em algum sentido, como uma declaração literal. Embora concluisse que o pão não era o corpo, diante da declaração “isto é o meu corpo”, tinha-se de concluir que o corpo físico de Cristo está presente “em, com e sob”. Seria como a água numa esponja, ou seja, a esponja é esponja, mas contém água. Finalmente, o restante das igrejas protestantes, preferiu adotar os ensinos de Calvino e de outros reformadores, que declaravam a respeito da PRESENÇA SIMBÓLICA E ESPIRITUAL DE CRISTO na Ceia. Estes declaravam que o pão e o vinho da ceia do Senhor não se transformam no corpo e no sangue de Cristo, nem contém de modo algum o corpo e o sangue, mas que simplesmente o simbolizavam, como sinal visível do fato de que o próprio Cristo verdadeiramente estava presente. Em acréscimo, a maioria dos evangélicos declaram que além do pão e do vinho simbolizarem o corpo e o sangue de Cristo, que Cristo também está espiritualmente presente de modo especial quando participamos da ceia do Senhor, até porque Ele prometeu estar presente sempre que os Cristãos o adorem, conforme Mateus 18.20: “Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estou no meio deles.” Há, portanto, uma presença simbólica, como verdadeiramente há uma presença espiritual e, com certeza, há também uma bênção espiritual real e verdadeira nesta cerimônia. Quero, então concluir, examinando sobre quem deve participar da ceia do Senhor? Mesmo tendo alguma divergências sobre alguns aspectos da ceia, a maioria dos cristãos concordam com alguns pontos básicos. 1º) Somente os que crêem em Cristo devem participar da ceia, porque trata-se de um sinal de conversão e de permanência na fé cristã. Paulo adverte que os que comem ou bebem indignamente enfrentarão séria conseqüências: “Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e, assim, coma do pão, e beba do cálice; 29 pois quem come e bebe sem discernir o corpo, come e bebe juízo para si. 30 Eis a razão por que há entre vós muitos fracos e doentes e não poucos que dormem.” I Co 11.28-30 2º) Em segundo lugar, muitos evangélicos argumentam com base no significado do batismo e da ceia do Senhor que, normalmente, somente os que já foram batizados devem participar da ceia do Senhor. A razão disso é que o batismo é um símbolo do início da vida cristã, enquanto a ceia é claramente um símbolo da permanência na vida cristã. A nossa posição como igreja tem sido a seguinte: se alguém já participa da ceia do Senhor e com isso dá público testemunho de que está permanecendo na vida cristã, tal pessoa deve ser inquirida: “Não seria bom você ser batizada agora, mostrando por meio de um símbolo que está começando a vida cristã?” Se você está disposto a participar de um símbolo externo da sua conversão a Cristo, não há razão para não participar de outro símbolo que marca o início da sua vida cristã e que, corretamente, deve vir primeiro. 3º) A terceira qualificação necessária para se participar da ceia é o AUTO-EXAME. “Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e, assim, coma do pão, e beba do cálice; 29 pois quem come e bebe sem discernir o corpo, come e bebe juízo para si.” I Co 11.28-29 O problema da Igreja de Corinto não é que não soubessem a respeito do significado do pão e do vinho. O problema era sua conduta egoísta, sem discernir que eram um corpo, sem dar atenção aos irmãos, e sem entender que aquela cerimônia exigia unidade. É preciso nos lembrarmos a respeito do ensino de Jesus como devemos nos portar quando vamos adorar, conforme Mt. 5.23-24: “23 Se, pois, ao trazeres ao altar a tua oferta, ali te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, 24 deixa perante o altar a tua oferta, vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; e, então, voltando, faze a tua oferta.” Por isso, antes de cearmos devemos nos examinar a nós mesmos. Pr. Benoni Kraul de Miranda Pinto/ Outubro-2008

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